Como Investir no Tesouro Direto em 8 Simples Passos

Neste artigo você terá uma noção de como investir no Tesouro Direto através de 8 passos muito objetivos, e ainda poderá entender quais são os principais títulos públicos disponíveis para os investidores pessoas físicas através da plataforma do Tesouro Direto.

Além disso, você conhecerá as principais características dos títulos públicos, como eles se comportam, quais títulos são voláteis e quais não são, para que assim você possa realizar sozinho esses investimentos.

Hoje já existem mais de 500 mil investidores no Tesouro Direto, só que muitos deles conhecem apenas a parte operacional do investimento, não possuindo nenhuma estratégia por trás das aplicações realizadas.

Como Investir em Títulos Públicos

Para que você aprenda como investir em títulos públicos, é necessário você ter um passo a passo bem estruturado e segui-lo com bastante disciplina, para que assim as suas decisões possam refletir numa rentabilidade bem próxima do seu perfil de investidor.

Escrevemos este artigo pensando tanto nos investidores que já investem no Tesouro Direto, quanto naqueles que ainda não investem, e até mesmo pensando nos que nem conhecem essa modalidade de investimento.

Portanto, estruturamos essas etapas de modo que o investidor iniciante seja “forçado” a tomar certas atitudes para efetivamente entrar em campo e ter uma postura proativa de investimento nos títulos públicos.

Vamos então aos 8 passos.

1º) Conhecer os títulos ofertados pelo Tesouro Direto

Esse representa o passo mais longo e também o mais importante, ele exige de você um certo estudo, afinal cada título do Tesouro Direto possui suas próprias características e você deve estar atento a todas elas.

Principais Títulos e Características

Aqui abordaremos sobre a plataforma do Tesouro Direto, pois ela proporciona a maneira mais fácil, prática e barata para que pessoas físicas invistam em títulos públicos.

Existe apenas um único título do Tesouro Direto com a característica pós fixada, que é o Tesouro Selic (LFT).

Este título possui todas aquelas características que explicamos no artigo anterior, isto é, ele possui uma rentabilidade positiva e constante ao longo do tempo.

Tesouro Selic 2021 (LFT)

Esse título é utilizado como sendo a base de uma carteira de investimento, sendo fortemente recomendado para objetivos de curto prazo (até 1 ano).

Existem duas opções de títulos prefixados no Tesouro Direto, o Tesouro Prefixado (LTN) e o Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F).

Estes dois títulos possuem todas aquelas características da subclasse dos ativos prefixados.

Eles podem ser comprados diariamente na plataforma do Tesouro Direto e as taxas ali oferecidas serão efetivamente rentabilizadas até o vencimento dos títulos.

São títulos um pouco mais voláteis, já que possuem liquidez.

Tesouro Prefixado 2019 (LTN)

Como pode ser observado, estes títulos possuem um desempenho histórico com algumas oscilações, para cima e para baixo.

Obs: os títulos com vencimentos mais curtos tendem a ser menos voláteis, possuindo uma rentabilidade um pouco mais positiva e um pouco mais constante, já que as taxas contratadas estão mais próximas do vencimento. Por outro lado, os títulos com vencimentos mais longos tendem a ser mais voláteis, possuindo uma rentabilidade muito mais oscilante.

A diferença entre os dois títulos é a de que o Tesouro Prefixado com Juros Semestrais realiza a distribuição semestral de parte da sua rentabilidade, ou seja, o investidor recebe o fluxo de caixa duas vezes ao ano. Por esse motivo, esse título é um pouco menos volátil que o Tesouro Prefixado.

Existem duas opções de títulos atrelados a inflação no Tesouro Direto, o Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal) e o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B).

São títulos com características mistas, ou seja, eles são pós fixados no indexador IPCA e também são prefixados com uma taxa de retorno nominal. Por serem indexados ao IPCA, esses títulos possuem uma rentabilidade real, acima da inflação.

Ambos os títulos rentabilizam de acordo com a inflação, bem como rentabilizam uma taxa prefixada. Dentre os títulos do Tesouro Direto, o Tesouro IPCA+ acaba sendo o mais volátil deles, quando comparado com os demais, principalmente o Tesouro IPCA+ com vencimento mais longo, pois ele é muito sensível ao dia a dia do mercado.

Gráfico NTN-B Principal

Já o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais paga essa taxa de juros acima da inflação em dois períodos no ano (semestralmente), através da distribuição de cupons. Por esse motivo, ele é um título um pouco menos volátil que o Tesouro IPCA+.

Segue  o link com os preços e taxas de cada um dos títulos do Tesouro Direto.

Neste site acima é possível conferir todos os títulos que você pode comprar e vender no Tesouro Direto, pode conferir as taxas de rentabilidade anual e também o valor do investimento mínimo que pode ser feito em cada um destes títulos.

Preços e Taxas de Títulos Públicos

Via de regra, os títulos com vencimentos mais longos irão rentabilizar mais para o investidor, porque quanto maior o horizonte de tempo, maior é o risco de mudança macroeconômica do mercado, fazendo com que isso se torne um “prêmio” pelo risco que o investidor assume ao adquirir títulos com vencimentos mais longos.

Características dos títulos do Tesouro Direto

Estas são as características básicas de cada um dos títulos do Tesouro Direto.

Vamos ao passo número 2.

2º) Escolher os títulos que correspondem aos seus objetivos

Este é um importante passo para todo investidor, é nele que será definido qual a sua visão sobre o dinheiro, quais os benefícios que o dinheiro lhe traz, o que você pretende fazer daqui 1 ano, 5 anos ou 10 anos, como pretende atingir a compra de sua casa própria, em quanto tempo pretende buscar sua aposentaria etc.

Para isso, você terá que definir o percentual que você investirá em cada título, pois assim, você já saberá o quanto de dinheiro precisará para efetuar as todas as suas compras.

Vincular os seus investimentos com os seus objetivos de vida representa definir o seu planejamento financeiro.

É realmente muito importante definir seus objetivos de curto, médio e longo prazo, pois isso irá garantir que o seu planejamento seja efetivamente cumprido.

Responda para si mesmo: por quanto tempo você quer manter cada título em sua carteira?

O que você valoriza mais, conhecer o quanto irá ganhar com o investimento ou proteger-se contra os efeitos negativos da inflação?

Você deseja receber sua rentabilidade ao final do prazo de cada título ou prefere receber um valor semestralmente?

Saiba que é impossível prever o comportamento da economia, bem como prever qual será o título com o menor risco e a maior rentabilidade, ninguém consegue fazer essa previsão.

Portanto, escolha os títulos de acordo com aquilo que você definiu como sendo importante para os seus objetivos financeiros.

3º) Definir um percentual de compra para cada título

Apenas como exemplo, você pode definir que possuirá em sua carteira 50% de Tesouro Selic, 25% de Tesouro Prefixado e 25% de Tesouro IPCA+.

Você não deve começar investindo para depois escolher o percentual que possuirá em cada título, já que a definição do percentual de cada título representa o terceiro passo.

Definir esse percentual significa aplicar o seu dinheiro em consonância com os seus objetivos financeiros, de forma inteligente, consciente e com a segurança necessária para atingir suas metas.

Diversificar é importante em todos os tipos possíveis de investimento, sendo que a diversificação em Tesouro Direto igualmente é importante para minimizar os riscos e ainda potencializar a rentabilidade dos seus ativos.

Você verá que os títulos prefixados e os atrelados à inflação possuem volatilidade (suas rentabilidades sobem e descem) e por isso, sua carteira deve estar preparada para reduzir os impactos negativos que certos títulos naturalmente sofrerão (caso tais títulos não sejam levados até o vencimento).

4º) Escolher sua corretora

O quarto passo consiste em escolher a corretora que intermediará a realização dos seus investimentos.

É bem simples essa abertura e até o presente momento, não há custos para isso, portanto, você deve cumprir essa etapa de imediato.

Na maioria das instituições, tudo é feito online, basta você preencher os seus dados e enviar uma cópia digitalizada dos seus documentos pessoais através do site da corretora.

Em alguns minutos o seu cadastro estará completo e você poderá acessar a sua conta para se familiarizar com o layout e as respectivas funcionalidades da plataforma.

Para te auxiliar nesse importante passo, veja a relação de todas as instituições financeiras habilitadas pelo Tesouro Direto.

Instituição Financeira Instituição Financeira Instituição Financeira

Observe que existem instituições que não cobram taxa de administração, mas não se preocupe, porque isso não significa que haverá um maior risco para os seus investimentos, já que após as compras, os títulos ficam custodiados pela B3 (antiga Bovespa) e ainda são garantidos 100% pelo Tesouro Nacional (independentemente do valor que você tenha aplicado), de modo que, mesmo que o banco ou corretora venha a sofrer uma liquidação (falência), você não perderá o investimento que realizou.

Os bancos e as corretoras terão, dentre outras funções, a atribuição de receber os recursos (o dinheiro) dos investidores para que estes efetuem as compras no site do Tesouro Direto.

5º) Habilitar o investimento no site do Tesouro Direto

Consiste em informar a sua corretora que você deseja investir no Tesouro Direto. Os agentes da corretora escolhida lhe auxiliarão, portanto, não se preocupe porque esta também é uma etapa muito simples de ser realizada.

Em muitos casos, você não precisará fazer nada, pois a senha de acesso ao site do Portal do Investidor do Tesouro Direto será enviada automaticamente no e-mail que você cadastrou ao abrir sua conta na corretora ou banco.

Após receber sua senha de acesso, você será direcionado para o Portal do Investidor para cadastrar sua senha definitiva.

6º) Transferir o seu dinheiro para a corretora

Este passo é autoexplicativo. Basta enviar o dinheiro que está na sua conta bancária para a corretora que você se cadastrou.

A remessa pode ser feita por TED, DOC ou mesmo por simples transferência entre contas da mesma instituição.

Uma dica valiosa aqui é você solicitar em seu banco a abertura de uma Conta Digital, que é aquela que não possui tarifas mensais e não cobra pela realização de TED e DOC, pois essa economia fará muita diferença na rentabilidade dos seus investimentos.

Após o dinheiro ser creditado na sua conta da corretora, você pode realizar as compras através do site do Tesouro Direto ou mesmo através da plataforma da sua corretora, caso esta seja um agente integrado (permite o investidor investir e resgatar seus títulos por meio do site/plataforma da própria corretora).

7º Realizar as compras

Acesse o Portal do Investidor utilizando seu CPF e senha, após selecione a aba “Investir e resgatar” e clique em “Investir”.

Como comprar título no Tesouro Direto

O sistema irá lhe mostrar as opções “Investir” e “Agendar um investimento”. Em se tratando da primeira compra, escolha a opção “Investir” para que você realize o investimento de imediato.

Selecionar Instituição Financeira

Selecione agora a sua Corretora.

Se o mercado estiver aberto no horário em que você estiver acessando, a página seguinte já te mostrará a relação de todos os títulos disponíveis para compra no momento.

Escolher o título de compra

Perceba que os títulos disponíveis para a compra são todos aqueles em que você pode ver a “Taxa de Compra” e também o “Preço de Compra”. Se você visualizar alguns títulos que não possuem esses dois dados é porque eles não mais estão disponíveis para compra.

Você pode efetuar sua compra digitando o valor em dinheiro ou mesmo a quantidade de títulos que desejar e o sistema irá ajustar para a fração de 0,1 (1%) mais próxima daquilo que você digitou.

Clique em “Confirmar”.

Confirmar título comprado

O último passo consiste em salvar o protocolo de compra.

O fluxo de liquidação do Tesouro Direto era de D+2, ou seja, você realizava a sua compra (D+0) no Portal do Investidor, a quantia de dinheiro deveria estar disponível em sua conta na corretora até o dia seguinte (D+1) e a liquidação na sua conta de custódia ocorria às 17:00hrs do dia seguinte (D+2).

No entanto, à partir de 05 de fevereiro de 2018 o prazo de liquidação dos títulos foi reduzido de 2 dias para 1 dia útil (para transações em dias úteis das 0h00 às 18h00) e de 3 dias para 2 dias úteis (para transações em dias úteis das 18h00 às 0h00, finais de semana ou feriados).

Essa redução de prazo teve como objetivo melhorar o dia a dia do mercado financeiro, de modo que trouxe maior segurança e mais rapidez para a finalização dos processos realizados entre investidor e o Tesouro Direto.

8º) Realizar compras mensais (aportes)

Você pode acompanhar a rentabilidade dos seus investimentos através do extrato disponibilizado no Portal do Investidor (imagem), bem como acompanhar todas as taxas, imposto de renda e demais dados dos seus investimentos.

De posse dos dados do seu extrato, você deve continuar aplicando a estratégia que você desenhou no 2º passo, de modo a criar o hábito de investir todos os meses e ainda desenvolver sua disciplina e paciência.

Você deve direcionar um valor maior para comprar para aqueles títulos que mais se desvalorizaram (ficaram mais baratos) e direcionar um valor menor para comprar aqueles títulos que mais se valorizaram (ficaram mais caros), para que desta forma, a sua carteira esteja sempre no percentual definido por você no 3º passo.

Realizar novas compras utilizando este tipo estratégia de fará com que a rentabilidade dos seus investimentos esteja sempre acima da média do mercado.

9º) Passo Extra – Conferir os Investimentos no CEI

O CEI é o Canal Eletrônico do Investidor, que permite a verificação do saldo e histórico de todos os investimentos realizados na B3, dentre os quais estão os títulos do Tesouro Direto.

Este passo comprova o registro das aplicações junto à B3, identificando o CPF ou CNPJ em determinados investimentos, o que garante ao investidor maior segurança e transparência em suas aplicações financeiras.

Atente-se, pois somente será possível conferir os investimentos através do CEI quando a Corretora ou banco for uma instituição que adere ao CERTIFICA (certificação que comprova o registro das aplicações na B3).

Para saber se a sua instituição financeira é credenciada ao CERTIFICA, acesse o site http://www.cetip.com.br/cetipcertifica.

Caso sua Corretora ou banco seja efetivamente credenciada, não será necessário efetuar um cadastro para acessar o CEI, pois se a instituição possuir este credenciamento, automaticamente a senha de acesso é enviada para o seu e-mail cadastrado.

Dicas para a realização da primeira compra no Tesouro Direto

Uma dica essencial para todo iniciante é a de começar comprando a menor fração possível do Tesouro Selic, pois este é o título com menor volatilidade e menor risco.

Fazendo assim, você estará mais confiante para realizar novas compras e ainda se familiarizará com a plataforma.

Acompanhe seu extrato por 30 dias e veja como este título se comporta.

No mês seguinte, adquira a menor fração possível do Tesouro Prefixado e, no mês subsequente, faça isso com o Tesouro IPCA+.

No próximo mês, acompanhe por 30 dias o comportamento da sua carteira e veja como cada um dos títulos se comporta em conjunto com os demais.

Por fim, quando estiver mais confiante, faça a aplicação do montante que entender viável para você, mas desta vez, coloque a sua carteira no percentual definido no 3º passo.

Neste momento você já estará compreendendo todo o contexto dos títulos públicos e ainda poderá realizar a comparação com outros tipos de investimentos.

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Um abraço e até a próxima.